sábado, 21 de fevereiro de 2009

Projecto

Entrega final na 3ª, dia 24.
Andei o semestre todo a ritmo da minha turma de projecto. Geralmente um pouco atrasado, não fosse eu português e Erasmus. No fundo, mantinha a tradição e era consequente. Passei uma boas férias em casa e quando voltei comecei a fazer contas à vida e a calcular empenhos e intensidades de trabalho. Vou entregar tudo uma semana antes do previsto para poder visitar o sol de vez e isso tem consequências para alguém que andava a velocidade adormecida.
Estas duas semanas que passaram foram dementes. Vários foram os dias que não saí do quarto para ficar concentrado. O programa do dia era ir a caixa de correio ver se tinha algo ou ir as compras (Aviso: comer cereais durante tanto tempo é capaz de não ser mt bom p a saúde. Fiquei doente...). Na minha cabeça só cabia projecto e acabar projecto foi o projecto a que me propus até 6ª (p eventualmente ir queimar os últimos cartuxos a Koln, o que não se veio a verificar). A sorte foi que em geral até gostei do projecto e o que podia ter sido o suplicio, foi só uma dificuldade agravada. Agora está acabado. 3 paineis A0 com os desenhos e o resumo do processo, 1 maquete a escala 1.500 e outra a escala 1.100 (que é das maiores ue ja tnho feito). Está tudo acabado, so falta imprimir. Fica uma fotografia (q n é a melhor) e um painel (q é o mais levezinho).
E em Estugarda o que é que falta? vou indo.
até já

Maravilha da Concorrência

Estugarda é dominada pela indústria. A Mercedes domina esta indústria. A Porsche é concorrente (em grandeza). Resultado: depois do imponente museu da primeira marca (que já é, inevitavelmente, um ponto turístico da cidade) abriu agora o museu da segunda. "Porsche Museum" é dedicado à história dos seu carros, como se impunha e oferece algumas surpresas: sabiam que a Porsche, para alem do óbvio, fez tractores agricolas? A arquitectura do museu suporta muito bem o seu conteúdo: um circuito claro, claramente associado à cronologia da marca; uma grandeza que suporta muito bem a ideologia: um luxo nos materiais e na apreesentação. Dinheiro bem investido no Arquitecto Delugan Meissl e nos 4 anos de estaleiro.
Quem vem de metro, de repente, tropeça no museu. Aparece inesperadamente e absorve tudo que se mova à sua volta: grande, imenso, é um cristal a brilhar no meio de um sítio descuidado e é de certa forma esquisito (fez lembrar a Casa da Música, pela linguagem). A principio parece confuso, um excitamento no desenho mas quando realmente dentro até é simples de apropriar. Bem conseguido. Quanto à exposição não há apresentações a fazer. Um deliciar para os aficionados, uma boa tarde para os adeptos.
Inevitável e supostamente entra-se em comparações com o Museu da Mercedes que a meu ver, apesar de tudo, continua a ganhar (não com uma margem muito confortável, diga-se): mais história, mais arquitectura, mais presença.
Viva a concorrência, venham mais.
até já

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

adeus

Aproxima-se vertiginosamente o dia de voltar. Já fiquei contente com esta velocidade, já fiquei triste com a mesma. Tenho vontade de voltar à "gente da minha terra", aos meus confortos ou aos meus desconfortos de sempre. Tenho vontade de ficar pelo frio, a aperfeiçoar a conversa, a explorar o que ainda falta, o que ainda não conheceu o peso do olhar. Sou uma boa arma e quero estar presente na luta contra a dificuldade, que vai crescendo. Sou ainda uma criança a descobrir o mundo e a ver tudo o que ele pode dar. Não percebo se me apetece voltar ou não.
Continuo a afundar-me num oceano de trabalho. Quase sem terra à vista vou ficando com frio. A saúde tropeça e as forças puxam para baixo, a maré contra e o sol desaparece. As mãos cortadas pedem descanso, a cabeça pede encosto e liberdade.
Daqui a uma semana estou na terra de Camões e o que falta não se afigura fácil. O desejo era despedir-me da cidade, do ambiente. Passar pelos sítios uma última vez sabendo que é a última vez que os vejo, cumprimenta-los e agradecer o acolhimento. Não sei se vou conseguir dar este derradeiro abraço, pesa-me sair desta casa sem dar os parabéns ao dono. As últimas imagens de Estugarda vão ser nebulosas. Aquelas que gravei não como papel queimado na retina mas como apenas rotina. As memórias são boas mas o "adeus" indigno.
até já

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

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até já

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Fui enganado. Fiquei a pensar.

1 Fui enganado. A boa vida?! ... estou há mais de uma semana enfiado em casa a trabalhar. Urbanismo já esta despachado e sou capaz de ter uma boa avaliação: missão cumprida. Projecto está-se a revelar bastante desafiante (p n dizer desesperante) porque, em vez de nos concentrarmos em fazer boa arquitectura, concentramo-nos, agora, numa boa apresentação. Nos dias que correm pode não ser tão descabido mas é sempre um desviar da atenção da aquilo que realmente importa para aquilo que realmente não importa.
2 Fui enganado. Há dois dias acordei doente. Pensava que tinha saúde de ferro mas levei um puxão de orelhas. "Trata bem de ti"
3 Fui enganado. Estava eu a fazer o meu cházinho (para tratar bem de mim) quando o chinês que vive comigo vai a cozinha e repara "queres mel para por no chá?". Boa, isto com mel é que vai ficar um mel... "sim, obrigado. tens?" aquele silêncio de 1 segundo pairou ate cair uma resposta "não, não tenho".

3 Fiquei a pensar. Muitas vezes damos ou usamos aquilo que não temos (e eu incluo-me nesse pacote). Não por mal mas porque apetece ou tem de ser. Oferecemos, possuidores de grande sapiência, receitas imediatas ou soluções para os problemas do mundo ou para a crise. Oferecemos, possuidores do bom cariz, boa vontade ou a salvação da humanidade. Oferecemos e usamos tudo, muitas vezes "nada" tendo, possuindo, antes, arrogância ou desprezo e falta de vontade ou leviandade. A verdade no meio da nossa confiança? Se não tenho "mel" não o vou sugerir, não vou iludir.
2 Fiquei a pensar. A humildade no meio destas ofertas todas? Ser humilde na minha condição e perceber os meus limites. Fazer-me o favor de ser honesto comigo e agasalhar-me.
1 Fiquei a pensar. Tento-me desviar do que não interessa e focar-me no realmente essencial. só o esforço (que não momentâneo) já é uma missão cumprida e em vez de ter uma "boa vida" tenho uma "vida boa".
Para mim a vida boa passa por me centrar no essencial. Vou tentando ser humilde e perceber que me transcende (maior) mas a única maneira de chegar mais perto é a transparência interior, que me faz querer melhorar.

Este post é uma leve referência aos acontecimentos do meu dia-a-dia que foram desencadeando os pensamentos. há muito mais por trás. Espero não estar a ser "óbvio de mais" mas para mim, com tudo o resto, não é. até já

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Jantar

Estou farto de jantar sozinho...
Estive o dia todo enfiado no quarto a trabalhar para projecto. Não me venderam Erasmus assim! lol Lembrei-me destas alturas em Portugal: há sempre a altura das refeições para trocar impressões com alguém e devolver um pouco de sanidade à cabeça. Resumindo "Estou a FRITAR a batata!!!". Acho que vou lá abaixo à caixa do correio ver se recebi mais uma carta do banco para... pronto... só para sair do quarto um bocado.
E estou farto de jantar sozinho...

até já

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Frankfurt e Darmstadt

O projecto de ir a Frankfurt e Darmstadt já existia há algum tempo mas foi de maneira relativamente inesperada que finalmente decidimos embarcar. 5ª num jantar-fora para quebrar a rotina decidimos no dia seguinte entrar no comboio das 18h19m em direcção a Darmstadt. O André já la viveu e não lhe faltavam amigos por lá para emprestar um tecto. A ideia era repetir o esquema de Munique e no sábado ir visitar Frankfurt deixando o domingo, com menos tempo, para Darmstadt. Já dentro do comboio um mau presságio que, contudo, não apoquentava (o entusiasmo era grande): chuva, chuva, chuva. Antes a neve mas as preces aos deuses não deram resultado. Curioso...
Ao aproximarmo-nos, diz quem já lá foi, deveria ser evidente o recorte dos edifícios mágicos no céu mas a única coisa que fomos vendo foi um pano cinzento. De quando em vez um rasgão soltava uma imagem de um gigante mas nada como nos contos, nada como dito.
Aterradados, já encharcados. Não havia folga no azar: era o fado do dia, do fim-de-semana. Comecei a procurar à minha volta o que de meu interesse mas foi complicado encontrar. Primeiro uma volta pelo centro histórico da cidade. Tipicamente alemão, sempre cuidado, amplo, as casas com estrutura de madeira à vista, a catedral neo-gótica completamente restaurada. Até aqui nada de novo mas agora acrescentemos uns dados: Arranha-Céus como pano de fundo! Nestas praças muito alemãs existe uma relação entre o antigo e o velho fora de serie. Parecem imagens trabalhadas no photoshop mas... não são! Não acreditaria se me contassem mas o contraste é tão grande que, por mais que uma pessoa vá preparado, é sempre uma surpresa.Depois de sairmos da parte original da cidade atacamos o centro recente. Tropeçar em edifícios cuja altura excede o limite do aceitável foi algo comum e eu, regalado estaria não fossem os tons cinza dos flashes. O fado continuava mas o excitamento superava a dificuldade e fomos palmilhando e descobrindo mais sedes de mais bancos mais que alemães.
Frankfurt não é uma cidade sempre fácil: com grandes confusões de zonas de comercio ou pedonais ou rodoviárias ou religiosas ou de restauração, por exemplo. Frankfurt não é sempre uma cidade bonita: é preciso encontrar os sítios de eleição e nem tudo o que é espampanante é bom mas foi uma fácil e boa visita e já posso dizer que vi um dos edifícios mais respeitáveis do mundo, pelo conteúdo (sede do ComerzBank Alemão) e pela forma (270m de altura projectados pelo Sir Norman Foster).
Voltámos para Darmstadt, encharcados, estoirados tanto física como psicologicamente (um dia a andar à chuva não é fácil) mas com umas boas imagens na cabeça! Quanto a esta cidade, não posso fazer muitos comentários uma vez que não consegui ver tudo (apesar de não ser muito) e do pouco que vi é melhor não comentar. Parece (e se calhar até é) um subúrbio de um arrabalde de uma cidade satélite.

Frankfurt: é de lá dar um salto para ver
Next stop (se tudo correr bem): Colónia
até já

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Confissões ou Confusões

Toda esta semana e principalmente o dia de hoje puseram-me a pensar no que já não pensava desde o inicio desta aventura por terras germânicas.
Tive entrega de manhã e não correu maravilhosamente bem. Sem esperar, fui a casa apanhar o computador para ir fazer um trabalho de grupo. Resultados limitados também. Esqueci-me de almoçar. Agora que o dia acabou vejo que foi um paralelo destes que passaram: sem tempo para parar e reparar, saborear. Sem exercício para ser excelente ou ultra producente vi a estaleca perdida. Isto levou-me a pensar no investimento que é eu estar aqui. Não só o monetário, que é evidentemente grande, mas principalmente o pessoal. O investimento de quem está em casa, disponível para me ver longe e a alegria que tem em perceber a minha evolução (calculo). Sinto que tenho que dar uma resposta em agradecimento e esta passa quase obrigatóriamente por resultados académicos mas que aqui escasseiam. Sinto-me mudo. Os chorudos 30 créditos apensas seriam um grito formal que esconderiam uma história por trás mas os pobres 21 créditos que vou fazer não sao dignos de dar voz a tudo por aqui. O investimento foi grande mas o resultado, apesar de não obviamente visível, também.
Sabe bem parar, ler qualquer coisa, escrever o que confusamente vem à cabeça só por perceber que se tem cabeça.
até já

Universalidades arquitectonicas

Para equilibrar da óptima semana que tive em Berlim, esta foi bastante agressiva. Não parei um segundo com trabalhos, como já tinha escrito. Hoje tive a 3ª e ultima entrega intermédia de projecto (a próxima é a derradeira) e tive um déjà vu que durou uns 30 minutos.
Chegava a minha hora, a hora de apresentar e, depois de uns meses na Alemanha, já não devia constituir desafio expor o meu projecto, de sempre, nesta língua, de sempre. Mas hoje estava ansioso. Comecei e com mais engasgões que o habitual e socorri-me do ingles. Para ajudar, o professor nem olhava para onde eu ia apontando e tentando explicar (1). Hostilmente ía soltando umas notas que eu não percebia mas tambem não se importava com isso (2). Refilou com o pequeno tamanho das casas de banho e com a integração da estrutura no projecto (3). Mandou-me ir estudar o Mies (como se nunca tivesse visto) e trabalhar afincadamente, pouco sorridente, como quem diz que tenho muito pela frente e que ainda não fiz nada (4). Por fim sugeriu-me, muito obrigado, que a minha parede com pedra aparelhada (linda de caír p o lado, diga-se) fosse antes de um material que reflectisse a Alemanha. O argumento usado foi "Nos somos os melhores fabricantes de carros, de maquinas de lavar roupa e loiça. não somos amigos do ambiente!". Protanto, acho que vou fazer uma parede com volantes, pedais e detergente e tambores: apostar na reciclagem/reutilização para ajudar a tornar a Alemanha num país mais amigo do ambiente. Talvez depois venha a pedra. Resta fazer referência ao timming costume dos professores de arquitectura: na entrega passada já tinha, sem tirar nem por, muito do que foi criticado nesta (5). o problema é que a entrega final é daqui a 3 semanas, para mim.
5 pontos muito resumidos do que um professor de arquitectura é capaz de ser, universalmente. Quanto ao que um estudante de arquitectura pode ser não escrevo pois já me conhecem, sou o vulgar, aí e cá. até já