segunda-feira, 12 de outubro de 2009

um ano depois

No passado dia 1, fez 1 ano que fui para a Alemanha. Pesava-me ainda não ter concluído este capítulo mas não escrevi antes por não ter disponibilidade, interior, sobre tudo. Se por isto foi, então grato por assim ter acontecido.
Durante este Verão que agora tem termo, acompanhei muitos actuais emigrantes erasmus. Rever as ansiedades por mim vividas nas suas pessoas tornou-me nostálgico. Não saber o que se vai encontrar pode ser assustador mas vem sempre acompanhado de um sentimento eufórico adolescente, sentir a boa raiva de poder!! Timidamente fui marcando encontros com este blog e relendo alguns posts, relembrando o seu significado intenso ou menos tenso, revisitando cidades e conversas, reimaginando a minha rua, o frio, outro quente.
Já me lembro bem outra vez como era... aulas 3 dias por semana, cozinhar todas as refeições, belissima cerveja, uns franceses impecáveis, uns belgas, brasileiros, espanhois do melhor, um Tuga num sonho. Uma pequena cidade com a praça do castelo, da câmara, do cubo. Uma equipa de rugby rendida ao português, os alemães rendidos ao vinho, o "simpático" hausmeister. Por outro lado não ponho de parte as dificuldades vividas mas também, sem isso não teria sido a mesma coisa. O arranque aos trambulhões com a faculdade, a desventura com o meu braço, a aspereza Alemã...
A viagem de volta soube a doce com um travo amargo: voltei desprevenido para a Lusitânia. O tratamento especial opunha-se à adaptação à rotina e à regressão de alguns costumes. Formatar a cabeça para outra coisa. Foram lutos em conjunto, alegria em projectos, dedicação vã, frustração no conforto, abraços com risos, amarras nos meus punhos.
Se tivesse oportunidade, ficaria aqui um dia inteiro a escrever sobre tudo o que me tem dispertado esta analepse na minha história. Sinto, por dentro, que ainda não foi tudo explorado mas não consigo perceber para quando a derradeira explanação interior. Já pensei mil vezes em acabar este capítulo aqui mas não o vou conseguir. Talvez numa conversa a 2 ou 3, cara-a-cara, a cores, sem me aperceber...
Esta altura ficará intimamente ligado a várias pessoas, espalhadas por todo o Portugal e Alemanha. Foi uma honra partilhar esta aventura com estes, com quem leu e foi dando resposta, com quem leu e não deu sinal. Quem não leu... acho óptimo também e declaro tréguas ao afirmar que estou na disposição de tomar cafés na mesma!!
Acaba assim, de maneira leve e jocosa, uma experiência que significa muito mais que a primeira no mundo da parca poesia. Literatura de fraca qualidade, cheia de poucas coisas mas que vai tendo um significado grande. Acaba de maneira leve num reconhecer da sorte desta vida.

Com a Maria Ana em mente, que nos guarda no céu.
Até Já