sábado, 20 de dezembro de 2008

Está quase

Quando acabar de escrever já vai ser dia 21.

Fechei os olhos: sonhei com Estugarda, com outras mais cidades, outras mais pessoas, outras mais intensidades. Continuo a sonhar, a dar asas a minha imaginação, solto, livre do meu corpo habitual de Portugal. Sem limites, só com o do infinito, onde nada me põe termo e onde não existe termo nem termo para descrever.
Amanhã almoço em casa, é Domingo e que mais esperar? Isto que passou foi um clarão, ontém foi Sábado.
Abro os olhos: acordei, respiro em esforço e o peso do ar no meu corpo atira-me de volta à realidade. Estou cá, tenho uma vida a continuar, a começar. A gravidade sugere-me problemas, os de ontem e outros ainda: aqueles dos cabelos brancos, aqueles das rugas de rir, aqueles que ardiam de chorar, aqueles que queimavam e faziam andar.

Quando vim para cá, muito me acontecia em Portugal. Relações a evoluir, outras a regredir, um (eventual) projecto real, a revisão do carro, o pagamento do IVA, o mestrado no curso, vontade de jogar rugby, um sobrinho a crescer, uns avós a envelhecer. Quando for, amanha, para Portugal vou regressar um pouco ao que deixei pendente, ver a evolução não só das árvores que mudaram mas, principalmente, das pessoas. O desconhecido é assustador, ninguem nega e por isso mesmo tenho um pequeno receio do encontro com certos capítulos. Tudo tem uma imagem na minha cabeça e já poucas delas correspondem à realidade.
Apetece-me correr esse perigo, o da surpresa, e voltar, arriscar!

até já, sim!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Consequência

Na obra Os Maias, Maria Eduarda acusa o Carlos da Maia de não ser consequente: "se unisse aquilo que sente àquilo que faz já me teria beijado.".
Quando li esta obra do Eça, tal passagem ficou-me na memória. Ser uma pessoa consequente, unir, até que mais não seja possível, as minhas convicções e ideais às minhas acções. Ser coerente na vida. Não é certamente de agora este pensamento mas talvez agora seja, de facto, a maior prova nesta meta quotidiana. Passaram quase 3 meses de desafios superados ou falhados, de expectativas preenchidas ou defraudadas. Estabeleci metas a alcançar e agora reparo na falta de humildade que tive, tanto para cima como para baixo, em algumas: ambição a mais ou a menos. Aquando disto tudo, muito mudava no Mundo- EUA, Bombaim- e noutra escala, se calhar mais próxima, em Portugal- o banco, a desonestidade e pequenez. É-me difícil perceber a falta de estima que existe pelas pessoas. Fico desiludido com este cenário, fico com aquele sentimento verde de querer mudar o mundo, fico desiludido por ser só um e por ter consciência dos meus limites. Podia-me empatar e desiludir a mim próprio mas em vez disso... Sou consequente e se nenhuma outra motivação pessoal existir para isto que seja então por patriotismo, para fazer evoluir os meus iguais. Tenho consciência dos meus limites mas em vez de encarar como uma fraqueza, encaro como uma fortaleza: eu tenho alcance! e que melhor educação que o exemplo?
É sabido que, apesar de tudo, sou português de gema. Quero produzir em Portugal (sem ser aqui teimoso) porque confio em mim e na minha coerência, em mim e no meu trabalho, em mim e no meu exemplo. Sei que vai ser bom, que vamos evoluir e vou ser também responsável por isso. É assim que eu vou mudar o mundo.
ate já

domingo, 14 de dezembro de 2008

Tubingen

Como já tinha dito, recusei uma promissora ida, com malta de Erasmus, a Berlim. Um Rundgang (espécie de entrega) na 2ª feira impossibilitou-me de conseguir, finalmente, alimentar a vontade de voltar à cidade dos 2 centros. De 5a a domingo era tempo valioso de mais e apesar de me apetecer, a consciência falou mais alto. Surgiu depois outra oportunidade: Frankfurt. Esta não ia escapar. Partida para a tarde de 6ª feira e chegada na noite de domingo. Não ia mas escapou. Trabalho, estudos e doenças deitaram por terra esta investida a "Mainhattan" (a região é Main e por ser uma cidade insónica e fervorosa ganhou esta alcunha). Sobrava tempo para a faculdade, tempo a mais.. Em desespero de causa e com vontade de conhecer as redondezas, fomos a Tubingen no sábado. Mais uma cidade estudantil. Uma em cada quatro pessoas é estudante e toda a vida circula em tornos destes. Foi um dia bem passado apesar de só termos estado fora 3 ou 4 horas. Chegando, a cidade que se instalou nas margens do Neckar (o mm de Stuttgart) mostra-se inatigivelmente convidativa. Outra vez tudo cuidado, sem pecado. A juntar a isto, as cores dos edifícios, contrastantes com o azul do ceu e o branco da neve. Uma aldeia de um conto de fadas se lhe juntarmos os banhos de Sol e o espelho do rio.
Fomos descobrindo a cidade (o que se revelou um processo rápido, dada a dimensão) até ao castelo, sempre no ponto mais alto. Ainda bem que lá fomos mas ficou a faltar alguma coisa... Talvez Tubingen se enquadrasse, de facto, melhor num conto que no mundo Humano.
Voltar para Estugarda, ir à missa, disfrutar do mercado de Natal e jantar uma Rotwurst. Um café, umas bolachas típicas, um frio, uma conversa, uma palhaçada. Assim se fez sabado: foi bom apesar de não ter sido nas hipotéticas duas metropoles. Já o domingo.. muito refilamos nós na altura de fazer maquetes mas esta deu-me gozo fazer. Pequena, simples... castiça. A ver se o conteúdo agora passa pelo lápis azul dos professores.
Que boa experiência que tem sido mas já me apetecem umas férias em Portugal
um real até já!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Cidades

Estava a conversa em Paris sobre cidades e cidadãos. Vivências da cidade, as pessoas na cidade e a sua postura, a cidade à noite, entre outros temas relacionados. Comparávamos naturalmente Paris e Estugarda: examinávamos as diferenças e as semelhanças.
Cheguei a uma conclusão. Esta cidade onde estou a passar 6 meses da minha vida é uma maquete à escala natural: perfeitinha.
Antes incomodava-me a sujidade. Agora, aqui, incomoda-me a perfeição. Na capital francesa incomodou-me outra vez a falta de cuidado, outra vez aqui, sinto falta do "cunho pessoal".

Já não sei se prefiro maquetes ou a não tomar banho..
até j, baralhei-me

Paris, mais oui!

Que grande e bom fim de semana.
Mas antes de apanhar o avião tive uma apresentação de um trabalho de grupo de Urbanismo. Fomos o último a apresentar e aproveitamos o tempo que ía sobrando para... escrever uma conclusão. Foi dos trabalhos mais aplaudidos pelos professores e o slide mais elogiado foi precisamente o com menos tempo de vida. ironias..
Descansado, já com menos um peso, fui andando para o aeroporto. De mochila às costas, cheio de vontade apesar de ter ainda uma reminiscência das malditas Portas. Entrei no avião e mal dei por mim já estávamos a aterrar: nem deu para meia hora de sono! Carlos de Gaules: o Império da aviação. Nunca tinha percebido a real escala daquele aeroporto.
Com pressa de ir ter com quem me esperava, apanhei o comboio. Por azar, a meio caminho, mais de meia hora parados. enfim, Paris.. chegado ao centro da cidade outro desafio, o Metro. A confusao de linhas era esmagadora e a abundancia de indicações redutora. Nada que não se resolvesse e, finalemente, passadas duas horas cheguei ao "lar doce lar" do Xico, da Ofélia, da Andreia e da Sofia. Recebido de braços abertos e com sorrisos rasgados fui logo agredido com hambuergers fritos na hora. Foi tão bom alguem cozinhar sem ser eu, foi tao bom ouvir potugues, ouvir as novidades, ouvir e comunicar sem o mínimo esforço e fazer-me entender com facilidade. O Custo de Oportunidade da ida a Paris foi grande mas o saldo é infinitamente positivo. Recarregar baterias mentais e conversar com quem, de facto, tem o máximo prazer na minha presença e para quem não sou só mais um a fazer Erasmus (com tudo de bom que isso também tem).
6a o dia fez-se em turismo (previsível, não?!). Torre Eiffel, Champs-Elysées, Notre Dame, Pompidou, museu do Jean Nouvelle, Passeios mais passeios entre outros passeios. Jantámos juntos e num clássico apostamos maioritariamente na Raquelette ou no Fondue de Queijo. Acompanhado de Vinho da Casa o jantar fez-se com vontade e prazer. Sábado: mais turismo. Apesar de estar cansado, não me cansava daquilo. Sacré-Coeur, uma volta gigante por Paris de bicicleta, um almoço com queijo, mais voltas e passeios e sempre em boa companhia! Nunca faltava conversa: diferenças, semelhanças, anseios e vontades de quem vive longe. Partilhar experiências, rir das desgraças dos outros, fazer os outros rir das as nossas.domingo: já se via o principio do fim da investida à Cidade da Luz. Não se pode dizer que guardei o melhor para o fim, é Paris, mas guardei algo que me é especialemnte querido. Demorei bastante a chegar lá mas agora é uma mais valia para mim. Villa Savoye do arquitecto Charles-Edouard Jeanneret, mais conhecido por Le Corbusier! Foi uma emoção entrar numa das obras mais icónicas da arquitectura modernista. Não se pode dizer que foi ali que começou o que se faz hoje em dia mas foi sem dúvida um empurrao dos mais fortes. Um cuidado extraordinário: desde o gesto grande até ao mais pequeno pormenor, tudo cuidado, detalhado. Não se percebe bem pelas fotografias, quaisquer que sejam, é preciso ir! Para culminar este dia, fui à missa a Notre-Dame. Ver aquele espaço iluminado cheio de fieis, um coro imponente, tudo condizente é esmagador. Ali sentimonos pequeninos mas integrados. Bela sensação. Voltar para casa em Goncour. Ver o benfica a ganhar (que já não via há meses!!!), um excerto do Telejornal da RTPi, as notas soltas do Prof. Marcelo e um jantar pacato fez-se uma bela noite.
Este fim de semana foi um tirar a barriga de misérias de convivios e de piadas secas, de conversas mais sérias ou menos, tirar a barriga de miséria do que se calhar me vai faltando aqui.
muito obrigado Xico, Andreia, Sofia, Odi e Inês.
Next Stop era Berlim mas como tenho entrega de projecto 3a, achei melhor não. Talvez vá a Ulm no sábado.
ate já ;)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Regensburg und Munchen

Correrias, Azares, Sortes, Divertimentos. Está feito um concentrado deste fim-de-semana.
A ideia era partirmos 6ª ao principio da tarde. Esperava-nos um Audi pequeno ou um VW simpático mas em vez disso, chegados ao stand, a senhora sorriu-nos com a chave de um Mercedes! Esfregámos as mãos de contentes mas na altura de passar o cartão de crédito... nem o do André, nem o meu, nem o de ninguem. "Temos pena, vamos de comboio!" De saco-cama as costas, fomos a correr para a Hauptbahnhof. Entre averiguações de bilhetes mais baratos e sprints até a linha 37 aidna deu para comprar um par de cervejinhas e um farnel. No instante que pusemos os pés dentro do comboio, este arrancou. Descansados, acomodámo-nos e fomos apreciando uma boa conversa. Fizemos escala em Ulm. Mais um record de velocidade batido, outro regional a nossa espera para partir.
Já passava das 21h quando finalemnte respiramos o ambiente de Regensburg. Revelava-se à partida uma cidade, para alem de pequena e fria, quente do movimento e jovem de idade. Existe aqui um grande pólo universitário e como tal o que não falta é animação. Entre jantar (uma pizza c 43 cm de diametro e boa, respect), dar umas voltas e ver mais uns quantos bares fez-se tarde e o dia seguinte mostrava-se prometedor. Dormimos em casa do Eric, um ex-colega do André, que não hesitou em nos dar guarida com uma grande alegria.
Sabado, 10h da manha, o despertador tocava. Era o sinal para sairmos: o destino apetecido aproximava-se mas era preciso energia! Depois de mais uma viagem de comboio (1h30m) e depois de um recarregar de baterias (Burger King) agarramos o desafio: conhecer Munique de dia. restavam-nos 4 horas de luz e aqui treinamos a maratona. Não houve tempo para perdedores e como campeões que somos, não parámos. Foi duro mas valeu a pena. Munique com o seu estilo sóbrio e descansado não hesita em oferecer calor em cada esquina: igrejas, mercados de natal, cafés típicos, lojas, restaurantes, multidões.

O jantar estava combinado para o Hofbräuhaus, o mais típico bávaro. Brezel, salsicha, cerveja, musica, mesas e bancos, animação. Tudo tradicional da Baviera, qualidade garantida e verificada. Senti o espírito alemão, mais uma vez, e mais uma vez fiquei impressionado com a quantidade de cerveja consumida aqui. Senti-me um menino ao lado das senhoras de 65 anos.
Tenho pena que as fotografias não tenham mais dimensões: a música enchia o ambiente, o cheiro da mostarda alegrava, o espaço gigante de repente era pequenino para tantas pessoas. Depois da festa que foi esta refeição, seguimos para o HardRock (obrigatório) e para tudo o que se afigurava fundamental. Foi uma noite onde não faltaram gargalhadas, não faltaram palavras nem conversa, não faltou animação. Chegava, enfim, a hora de voltar. O primeiro comboio acenava com pressa. De repente, Munique já se tinha mostrado e estava na hora de voltar.
Regensburg, domingo 12h do dia. O ruído do telemovel incomodou mas arrancou-nos do saco-cama e mandou-nos para a cidade! Como descrevia acima, o burgo dava-se a conhecer acolhedor. De fácil leitura, solarengo, foi-se evidenciando e não escondeu encantos! É das primeira cidades a aparecer na rota do Danubio e é ali que está a ponte existente mais antiga sobre o mesmo. Esta pequena cidade foi uma das capitais do Imperio Romano mas as ligações não se esgotam. O Cardeal Ratzinger, tambem conhecido por Pápa Bento XVI hoje em dia, é original daqui. Quando este assumiu a orientação da igreja Católica, seu irmão, tambem conhecido por Cardeal Ratzinger, assumiu responsabilidades pela cidade. Uma bela tradição familiar..No fim do dia, mais uma vez, comboio. A previsão de chegada a casa, em Estugarda, era pelas 22h não fosse a ligação em Nurnberg ter falhado. Um pequeno atraso por uma pequena disfunção de funcionamento da empresa infernizou centenas de viagens a casa. Não assim tão grave mas muito incómodo. Mais incómodo que isto é quando se vai refilar e quando se obtem respostas de infima flexibilidade e de maxima arrogancia. Regras são regras.
Fica aqui não só o concentrado mas tambem o resumo deste grande fim de semana.
Next stop: Paris!!

até já, "viajante"