segunda-feira, 12 de outubro de 2009

um ano depois

No passado dia 1, fez 1 ano que fui para a Alemanha. Pesava-me ainda não ter concluído este capítulo mas não escrevi antes por não ter disponibilidade, interior, sobre tudo. Se por isto foi, então grato por assim ter acontecido.
Durante este Verão que agora tem termo, acompanhei muitos actuais emigrantes erasmus. Rever as ansiedades por mim vividas nas suas pessoas tornou-me nostálgico. Não saber o que se vai encontrar pode ser assustador mas vem sempre acompanhado de um sentimento eufórico adolescente, sentir a boa raiva de poder!! Timidamente fui marcando encontros com este blog e relendo alguns posts, relembrando o seu significado intenso ou menos tenso, revisitando cidades e conversas, reimaginando a minha rua, o frio, outro quente.
Já me lembro bem outra vez como era... aulas 3 dias por semana, cozinhar todas as refeições, belissima cerveja, uns franceses impecáveis, uns belgas, brasileiros, espanhois do melhor, um Tuga num sonho. Uma pequena cidade com a praça do castelo, da câmara, do cubo. Uma equipa de rugby rendida ao português, os alemães rendidos ao vinho, o "simpático" hausmeister. Por outro lado não ponho de parte as dificuldades vividas mas também, sem isso não teria sido a mesma coisa. O arranque aos trambulhões com a faculdade, a desventura com o meu braço, a aspereza Alemã...
A viagem de volta soube a doce com um travo amargo: voltei desprevenido para a Lusitânia. O tratamento especial opunha-se à adaptação à rotina e à regressão de alguns costumes. Formatar a cabeça para outra coisa. Foram lutos em conjunto, alegria em projectos, dedicação vã, frustração no conforto, abraços com risos, amarras nos meus punhos.
Se tivesse oportunidade, ficaria aqui um dia inteiro a escrever sobre tudo o que me tem dispertado esta analepse na minha história. Sinto, por dentro, que ainda não foi tudo explorado mas não consigo perceber para quando a derradeira explanação interior. Já pensei mil vezes em acabar este capítulo aqui mas não o vou conseguir. Talvez numa conversa a 2 ou 3, cara-a-cara, a cores, sem me aperceber...
Esta altura ficará intimamente ligado a várias pessoas, espalhadas por todo o Portugal e Alemanha. Foi uma honra partilhar esta aventura com estes, com quem leu e foi dando resposta, com quem leu e não deu sinal. Quem não leu... acho óptimo também e declaro tréguas ao afirmar que estou na disposição de tomar cafés na mesma!!
Acaba assim, de maneira leve e jocosa, uma experiência que significa muito mais que a primeira no mundo da parca poesia. Literatura de fraca qualidade, cheia de poucas coisas mas que vai tendo um significado grande. Acaba de maneira leve num reconhecer da sorte desta vida.

Com a Maria Ana em mente, que nos guarda no céu.
Até Já

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Por Fim

Depois de ter estado as ultimas 3 semanas fechado no meu quarto a trabalhar, a entrega! A "lieferung" ter sido uma semana antes do suposto fez com que o stress na recta final aumentasse sem piedade (uma semana a menos no fim é muito diferente de uma a menos no principio) mas nada que não fosse exequível. Levei tudo para a faculdade: pendurei na parede e expus como me convinha. Faltavam poucos minutos e alguns outros estudantes, solidários com a causa, foram chegando. quando o relógio batia hora certa, 3 vultos ao longe, eram os professores com um ar altivo e confiante.
Comecei a apresentar cheio de gestos e poesia (qual português) o projecto que a mim me apaixonara. a funcionalidade era irrepreensivel, a linguagem suave, o gesto igual. Tinha tudo para dar certo mas correu bem? Acho que não...
Primeira vez na minha vida senti-me descriminado, pela negativa. Mesquinhezas de quem se irrita por de menos, arrogâncias de superioridade e sentimentos de insegurança. Mal acabei o meu discurso, tudo que se tinha consolidado foi atacado. A razão de ser das minhas opções posta em causa e cheguei a ouvir, depois de explicar como se fazia em Portugal um "sim sim, era assim que se construía na Alemanha nos anos 50". A desilusão apoderou-se de mim, por mim e por que me examinava. Não senti o trabalho de um semestre deitado fora mas achei triste a última actuação dos professores, que vagamente me orientaram.
Os meus companheiros na alegria e no sofrimento, no fim, bateram palmas e saudaram-me com efusividade. Estabeleci algumas amizades que, se não forem pelo menos trabalhadas, ficarão na memória como grandes. Este sim, foi um momento de cumplicidade grande! Valeu o dia.

Com a projecto arrumado (mal, diga-se) faltava-me, agora, todo o processo burocratico de despedida. Banco, cauções, check-out, faculdade, arrumações, etc. Não era o que me apetecia para os últimos 3 dias mas a obrigação falou mais alto. foi-se fazendo, a custo.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Projecto

Entrega final na 3ª, dia 24.
Andei o semestre todo a ritmo da minha turma de projecto. Geralmente um pouco atrasado, não fosse eu português e Erasmus. No fundo, mantinha a tradição e era consequente. Passei uma boas férias em casa e quando voltei comecei a fazer contas à vida e a calcular empenhos e intensidades de trabalho. Vou entregar tudo uma semana antes do previsto para poder visitar o sol de vez e isso tem consequências para alguém que andava a velocidade adormecida.
Estas duas semanas que passaram foram dementes. Vários foram os dias que não saí do quarto para ficar concentrado. O programa do dia era ir a caixa de correio ver se tinha algo ou ir as compras (Aviso: comer cereais durante tanto tempo é capaz de não ser mt bom p a saúde. Fiquei doente...). Na minha cabeça só cabia projecto e acabar projecto foi o projecto a que me propus até 6ª (p eventualmente ir queimar os últimos cartuxos a Koln, o que não se veio a verificar). A sorte foi que em geral até gostei do projecto e o que podia ter sido o suplicio, foi só uma dificuldade agravada. Agora está acabado. 3 paineis A0 com os desenhos e o resumo do processo, 1 maquete a escala 1.500 e outra a escala 1.100 (que é das maiores ue ja tnho feito). Está tudo acabado, so falta imprimir. Fica uma fotografia (q n é a melhor) e um painel (q é o mais levezinho).
E em Estugarda o que é que falta? vou indo.
até já

Maravilha da Concorrência

Estugarda é dominada pela indústria. A Mercedes domina esta indústria. A Porsche é concorrente (em grandeza). Resultado: depois do imponente museu da primeira marca (que já é, inevitavelmente, um ponto turístico da cidade) abriu agora o museu da segunda. "Porsche Museum" é dedicado à história dos seu carros, como se impunha e oferece algumas surpresas: sabiam que a Porsche, para alem do óbvio, fez tractores agricolas? A arquitectura do museu suporta muito bem o seu conteúdo: um circuito claro, claramente associado à cronologia da marca; uma grandeza que suporta muito bem a ideologia: um luxo nos materiais e na apreesentação. Dinheiro bem investido no Arquitecto Delugan Meissl e nos 4 anos de estaleiro.
Quem vem de metro, de repente, tropeça no museu. Aparece inesperadamente e absorve tudo que se mova à sua volta: grande, imenso, é um cristal a brilhar no meio de um sítio descuidado e é de certa forma esquisito (fez lembrar a Casa da Música, pela linguagem). A principio parece confuso, um excitamento no desenho mas quando realmente dentro até é simples de apropriar. Bem conseguido. Quanto à exposição não há apresentações a fazer. Um deliciar para os aficionados, uma boa tarde para os adeptos.
Inevitável e supostamente entra-se em comparações com o Museu da Mercedes que a meu ver, apesar de tudo, continua a ganhar (não com uma margem muito confortável, diga-se): mais história, mais arquitectura, mais presença.
Viva a concorrência, venham mais.
até já

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

adeus

Aproxima-se vertiginosamente o dia de voltar. Já fiquei contente com esta velocidade, já fiquei triste com a mesma. Tenho vontade de voltar à "gente da minha terra", aos meus confortos ou aos meus desconfortos de sempre. Tenho vontade de ficar pelo frio, a aperfeiçoar a conversa, a explorar o que ainda falta, o que ainda não conheceu o peso do olhar. Sou uma boa arma e quero estar presente na luta contra a dificuldade, que vai crescendo. Sou ainda uma criança a descobrir o mundo e a ver tudo o que ele pode dar. Não percebo se me apetece voltar ou não.
Continuo a afundar-me num oceano de trabalho. Quase sem terra à vista vou ficando com frio. A saúde tropeça e as forças puxam para baixo, a maré contra e o sol desaparece. As mãos cortadas pedem descanso, a cabeça pede encosto e liberdade.
Daqui a uma semana estou na terra de Camões e o que falta não se afigura fácil. O desejo era despedir-me da cidade, do ambiente. Passar pelos sítios uma última vez sabendo que é a última vez que os vejo, cumprimenta-los e agradecer o acolhimento. Não sei se vou conseguir dar este derradeiro abraço, pesa-me sair desta casa sem dar os parabéns ao dono. As últimas imagens de Estugarda vão ser nebulosas. Aquelas que gravei não como papel queimado na retina mas como apenas rotina. As memórias são boas mas o "adeus" indigno.
até já

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

.






até já

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Fui enganado. Fiquei a pensar.

1 Fui enganado. A boa vida?! ... estou há mais de uma semana enfiado em casa a trabalhar. Urbanismo já esta despachado e sou capaz de ter uma boa avaliação: missão cumprida. Projecto está-se a revelar bastante desafiante (p n dizer desesperante) porque, em vez de nos concentrarmos em fazer boa arquitectura, concentramo-nos, agora, numa boa apresentação. Nos dias que correm pode não ser tão descabido mas é sempre um desviar da atenção da aquilo que realmente importa para aquilo que realmente não importa.
2 Fui enganado. Há dois dias acordei doente. Pensava que tinha saúde de ferro mas levei um puxão de orelhas. "Trata bem de ti"
3 Fui enganado. Estava eu a fazer o meu cházinho (para tratar bem de mim) quando o chinês que vive comigo vai a cozinha e repara "queres mel para por no chá?". Boa, isto com mel é que vai ficar um mel... "sim, obrigado. tens?" aquele silêncio de 1 segundo pairou ate cair uma resposta "não, não tenho".

3 Fiquei a pensar. Muitas vezes damos ou usamos aquilo que não temos (e eu incluo-me nesse pacote). Não por mal mas porque apetece ou tem de ser. Oferecemos, possuidores de grande sapiência, receitas imediatas ou soluções para os problemas do mundo ou para a crise. Oferecemos, possuidores do bom cariz, boa vontade ou a salvação da humanidade. Oferecemos e usamos tudo, muitas vezes "nada" tendo, possuindo, antes, arrogância ou desprezo e falta de vontade ou leviandade. A verdade no meio da nossa confiança? Se não tenho "mel" não o vou sugerir, não vou iludir.
2 Fiquei a pensar. A humildade no meio destas ofertas todas? Ser humilde na minha condição e perceber os meus limites. Fazer-me o favor de ser honesto comigo e agasalhar-me.
1 Fiquei a pensar. Tento-me desviar do que não interessa e focar-me no realmente essencial. só o esforço (que não momentâneo) já é uma missão cumprida e em vez de ter uma "boa vida" tenho uma "vida boa".
Para mim a vida boa passa por me centrar no essencial. Vou tentando ser humilde e perceber que me transcende (maior) mas a única maneira de chegar mais perto é a transparência interior, que me faz querer melhorar.

Este post é uma leve referência aos acontecimentos do meu dia-a-dia que foram desencadeando os pensamentos. há muito mais por trás. Espero não estar a ser "óbvio de mais" mas para mim, com tudo o resto, não é. até já

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Jantar

Estou farto de jantar sozinho...
Estive o dia todo enfiado no quarto a trabalhar para projecto. Não me venderam Erasmus assim! lol Lembrei-me destas alturas em Portugal: há sempre a altura das refeições para trocar impressões com alguém e devolver um pouco de sanidade à cabeça. Resumindo "Estou a FRITAR a batata!!!". Acho que vou lá abaixo à caixa do correio ver se recebi mais uma carta do banco para... pronto... só para sair do quarto um bocado.
E estou farto de jantar sozinho...

até já

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Frankfurt e Darmstadt

O projecto de ir a Frankfurt e Darmstadt já existia há algum tempo mas foi de maneira relativamente inesperada que finalmente decidimos embarcar. 5ª num jantar-fora para quebrar a rotina decidimos no dia seguinte entrar no comboio das 18h19m em direcção a Darmstadt. O André já la viveu e não lhe faltavam amigos por lá para emprestar um tecto. A ideia era repetir o esquema de Munique e no sábado ir visitar Frankfurt deixando o domingo, com menos tempo, para Darmstadt. Já dentro do comboio um mau presságio que, contudo, não apoquentava (o entusiasmo era grande): chuva, chuva, chuva. Antes a neve mas as preces aos deuses não deram resultado. Curioso...
Ao aproximarmo-nos, diz quem já lá foi, deveria ser evidente o recorte dos edifícios mágicos no céu mas a única coisa que fomos vendo foi um pano cinzento. De quando em vez um rasgão soltava uma imagem de um gigante mas nada como nos contos, nada como dito.
Aterradados, já encharcados. Não havia folga no azar: era o fado do dia, do fim-de-semana. Comecei a procurar à minha volta o que de meu interesse mas foi complicado encontrar. Primeiro uma volta pelo centro histórico da cidade. Tipicamente alemão, sempre cuidado, amplo, as casas com estrutura de madeira à vista, a catedral neo-gótica completamente restaurada. Até aqui nada de novo mas agora acrescentemos uns dados: Arranha-Céus como pano de fundo! Nestas praças muito alemãs existe uma relação entre o antigo e o velho fora de serie. Parecem imagens trabalhadas no photoshop mas... não são! Não acreditaria se me contassem mas o contraste é tão grande que, por mais que uma pessoa vá preparado, é sempre uma surpresa.Depois de sairmos da parte original da cidade atacamos o centro recente. Tropeçar em edifícios cuja altura excede o limite do aceitável foi algo comum e eu, regalado estaria não fossem os tons cinza dos flashes. O fado continuava mas o excitamento superava a dificuldade e fomos palmilhando e descobrindo mais sedes de mais bancos mais que alemães.
Frankfurt não é uma cidade sempre fácil: com grandes confusões de zonas de comercio ou pedonais ou rodoviárias ou religiosas ou de restauração, por exemplo. Frankfurt não é sempre uma cidade bonita: é preciso encontrar os sítios de eleição e nem tudo o que é espampanante é bom mas foi uma fácil e boa visita e já posso dizer que vi um dos edifícios mais respeitáveis do mundo, pelo conteúdo (sede do ComerzBank Alemão) e pela forma (270m de altura projectados pelo Sir Norman Foster).
Voltámos para Darmstadt, encharcados, estoirados tanto física como psicologicamente (um dia a andar à chuva não é fácil) mas com umas boas imagens na cabeça! Quanto a esta cidade, não posso fazer muitos comentários uma vez que não consegui ver tudo (apesar de não ser muito) e do pouco que vi é melhor não comentar. Parece (e se calhar até é) um subúrbio de um arrabalde de uma cidade satélite.

Frankfurt: é de lá dar um salto para ver
Next stop (se tudo correr bem): Colónia
até já

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Confissões ou Confusões

Toda esta semana e principalmente o dia de hoje puseram-me a pensar no que já não pensava desde o inicio desta aventura por terras germânicas.
Tive entrega de manhã e não correu maravilhosamente bem. Sem esperar, fui a casa apanhar o computador para ir fazer um trabalho de grupo. Resultados limitados também. Esqueci-me de almoçar. Agora que o dia acabou vejo que foi um paralelo destes que passaram: sem tempo para parar e reparar, saborear. Sem exercício para ser excelente ou ultra producente vi a estaleca perdida. Isto levou-me a pensar no investimento que é eu estar aqui. Não só o monetário, que é evidentemente grande, mas principalmente o pessoal. O investimento de quem está em casa, disponível para me ver longe e a alegria que tem em perceber a minha evolução (calculo). Sinto que tenho que dar uma resposta em agradecimento e esta passa quase obrigatóriamente por resultados académicos mas que aqui escasseiam. Sinto-me mudo. Os chorudos 30 créditos apensas seriam um grito formal que esconderiam uma história por trás mas os pobres 21 créditos que vou fazer não sao dignos de dar voz a tudo por aqui. O investimento foi grande mas o resultado, apesar de não obviamente visível, também.
Sabe bem parar, ler qualquer coisa, escrever o que confusamente vem à cabeça só por perceber que se tem cabeça.
até já

Universalidades arquitectonicas

Para equilibrar da óptima semana que tive em Berlim, esta foi bastante agressiva. Não parei um segundo com trabalhos, como já tinha escrito. Hoje tive a 3ª e ultima entrega intermédia de projecto (a próxima é a derradeira) e tive um déjà vu que durou uns 30 minutos.
Chegava a minha hora, a hora de apresentar e, depois de uns meses na Alemanha, já não devia constituir desafio expor o meu projecto, de sempre, nesta língua, de sempre. Mas hoje estava ansioso. Comecei e com mais engasgões que o habitual e socorri-me do ingles. Para ajudar, o professor nem olhava para onde eu ia apontando e tentando explicar (1). Hostilmente ía soltando umas notas que eu não percebia mas tambem não se importava com isso (2). Refilou com o pequeno tamanho das casas de banho e com a integração da estrutura no projecto (3). Mandou-me ir estudar o Mies (como se nunca tivesse visto) e trabalhar afincadamente, pouco sorridente, como quem diz que tenho muito pela frente e que ainda não fiz nada (4). Por fim sugeriu-me, muito obrigado, que a minha parede com pedra aparelhada (linda de caír p o lado, diga-se) fosse antes de um material que reflectisse a Alemanha. O argumento usado foi "Nos somos os melhores fabricantes de carros, de maquinas de lavar roupa e loiça. não somos amigos do ambiente!". Protanto, acho que vou fazer uma parede com volantes, pedais e detergente e tambores: apostar na reciclagem/reutilização para ajudar a tornar a Alemanha num país mais amigo do ambiente. Talvez depois venha a pedra. Resta fazer referência ao timming costume dos professores de arquitectura: na entrega passada já tinha, sem tirar nem por, muito do que foi criticado nesta (5). o problema é que a entrega final é daqui a 3 semanas, para mim.
5 pontos muito resumidos do que um professor de arquitectura é capaz de ser, universalmente. Quanto ao que um estudante de arquitectura pode ser não escrevo pois já me conhecem, sou o vulgar, aí e cá. até já

sábado, 31 de janeiro de 2009

Vida de Erasmus

A vida de erasmus não é apenas baseada em rosas. Também há entregas de trabalhos e um projecto para concluir. Como vou entregar este último uma semana antes dos outros, tenho que me apressar agora. E é agora que menos me apetece trabalhar. Falta menos de um mês para voltar para Portugal e estou a ficar com uns sentimentos confusos. Apetece-me voltar, por certas coisas, mas ja estou a ficar com saudades Estugarda, deste país, desta cultura. Já tenho saudades mas ainda ca estou. Já estou com a nostalgia de quem já partiu e revive. Agora é que tenho de trabalhar no duro, agora que me apetece espremer o que falta deste frio, da Koenigstrasse, da Theo Heuss, do Cubo, de Vaihingen, disto.
tenho que ir trabalhar. Há um projecto para fazer.
até já

Berlim

Foram 4 dias cheios de cultura, admiração, nostalgia. Parar seria perder e ninguém quer isso, muito menos com tanto para ganhar. Esgotante a nível físico mas revigorante para a cabeça. Uns dias vitoriosos. Rendi-me.
Comecei com um passeio guiado pelos arredores do centro. Perceber a razão de determinados edifícios, perceber também o que se passa a nível emocional dos berlinenses que no meio de tantos anos de vida, sempre foram o ponto de rendevouz do mundo, normalmente por razoes não boas, quer fossem quentes ou frias. A cruz deles é a história e vivem num sentimento de culpa muito oficial com uma vontade de apagar todas as marcas antigas: encontram-se pedidos de perdão à Humanidade em muitas esquinas (p. ex. Museu dos Judeus, Reichtag, etc.) mas existe a vontade de apagar todos os vazios não só por ser espaço desperdiçado mas porque faz lembrar o sofrimento das guerras várias. Um dos espaços abandonados mais agressivos que encontrei, está mesmo perto do Memorial do Judeu: o sitio onde Hitler morreu. Este vazio é usado como parque de estacionamento enlameado, na tentativa de, calculo eu, fazer tábua rasa através do uso quotidiano para algo menor. Existe um bunker por baixo, existe O bunker por baixo, destruído, tal como muito.
Depois da história, segue-se a arquitectura e a descoberta de mais interesses menos turísticos da cidade. Ir a SchlesichesTor dizer Bonjour Tristesse ao edifício do Siza. Uma linha tão suave que emociona, chegando mesmo, aliando à cor, a trazer tristeza. Seguir para o agressivo Museu do Judeu do Libskind: uma aparência imponente, cheia de “qualidades” mas entrado fica o vácuo, a desilusão. É vendido como singular, claramente um preço exagerado: tristemente pobre. Para levantar a moral, tinha em mente ir à NeuenNationalgalerie da referência Van der Rohe mas para lá chegar passei por PotsdamerPlatz: a exuberância e algum exaltamento na construção fizeram daquele espaço encolhido uma festa de sabores. Contudo, toda a gente sabe que há certos sabores que não ficam bem juntos. Extasiante mas cansativíssimo. Ainda com a galeria do Mies em mente, passei pela Opera do Scharoun, um perfeito exemplo de harmonia com formas e cores estranhas. Consegui, por fim, chegar à NeuenNationalgalerie. Posso ser suspeito pois o arquitecto em questão é uma das minhas principais referências mas se há pouco falávamos de emoções, sabores e harmonias, aqui falamos de utopia! A forma simples, a construção básica, os materiais de sempre, a linguagem intemporal, um resultado esmagador. Cada vez mais me rendo à delicadeza e à força de cada gesto.
Nas aulas de história de arquitectura aprendemos sobre determinados autores e suas obras. Discutimos sobre elas, também, nas aulas de projecto. São edifícios inacessíveis de arquitectos elevados a sobre-humanos. Ia à procura disto, de encontrar mais especiarias que contribuíssem. Começámos por encontrar a fábrica da AEG de Peter Behrens. Foi um dos momentos altos do dia: andávamos à procura e de repente tropeçamos no próprio. Não é nada como nas fotografias das aulas, é muito mais imponente, mais presente mas não é convencido. Depois de contemplações atacamos a Unidade de Habitação. A caminho passamos pelo Estádio Olímpico. De construção Nazi para os jogos olímpicos, o estádio ainda hoje em dia é usado e apresenta-se firme, bem forte. Com a obra de Corbusier ao longe, fomos cheios de vontade para, por fim, perceber a singularidade daqueles edifícios. Entramos, subimos as escadas e fomo-nos apropriando de cada pormenor. Grande cuidado com os puxadores, caixas de correio, luzes, campainhas. Tudo até ao ínfimo pormenor. Depois de insistirmos com algumas pessoas, lá conseguimos entrar em casa de um senhor, também arquitecto, que percebeu a nossa ânsia. A proporção das células de habitação é tão boa que com um espaço tão reduzido, se vive na maior das boas disposições. A única reticência vai para os corredores interiores. Estes aliados às paredes brancas e aos linóleos cinzentos fazem lembrar os hospitais, portanto não muito confortáveis. Para concluir o dia ainda investimos em visitar a biblioteca do Sir Norman Foster mas quando lá chegamos, nem uma luz acesa. Tinha fechado meia hora antes.

Quase no fim ainda houve tempo para investigar o Niemeyer, o Gropius, o Aalto em mais um bairro modernista. De indispensável, faltava-me conhecer a cultura underground. Descobrir a feira do muro, o Tacheles. O sítio do contrabando e o sítio da arte ilegal. Conclui com um belíssimo passeio por uns bairros berlinenses e com uma óptima conversa. Muito obrigado Joana pela estadia e pela companhia!


Berlim? Para voltar!
Next Stop: Frankfurt
Até já

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

coisas breves

nao tenho net por causa de mais uma daquelas ineficiencias. hoje fui tentar tratar disso e o tipo disse que provavelmente daqui a um/duas semanaas que ja tinha outr vez. porreiro. esperemos que caia um pozinho magico e tudo se resolva.
berlim e for de serie. onde o mundo todo se juntou por varias ocasioes deu origem a uma cidade com todos os problemas que uma norml nao tem. mais adinte falovos com mais pormenor.
estou com os olhos tortos de trabalhar. "a vida de erasmus no sao so rosas" (ms quase..)
estou num cafe paquistanes horrivel com um teclado peganhento a escrever.
nao e amor? ;)
saudaades
ate ja

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Fecho das urnas

-Bem, foram umas eleições um pouco desequilibradas, não achaste?
-Sim, sem dúvida. o Sr. Conde acabou por ganhar, apesar de não ter sido com maioria absoluta. Tem uma margem que lhe dá legitimidade para se afirmar nestes anos que se aproximam. A maioria relativa deve-se, a meu ver, à candidatura do Mago. Foi claramente roubar votos ao seu concorrente e creio que depois deste cenário, a única alternativa será a coligação entre estes os dois. o Bode do Stardust saiu-se melhor que o esperado o que só mostra que existe um saudável e amplo pensamento nos votantes: não se cingem às propostas clássicas e procuram uma nova resposta aos desafios de hoje em dia. O Pensador de Esquerda ficou um pouco longe das expectativas: esperava-se mais depois do seu discurso mais arrojado e coerente. Parece que não caiu bem no eleitorado.
Parabens ao Sr. Conde pelos expressivos 42%, parabens ao Bode do Stardust pelos magnificos 21% e pela frescura que significou a sua candidatura, parabens ao Mago que conseguiu passar uma mensagem de alternativa com uns bons 18% e parabens ao Pensador de Esquerda que com uns simpáticos 18% continua a ser uma prova de vitalidade.
Uma nota final para o Poirot que a meu ver fez bem em desistir da corrida. Não era esta a sua batalha e teve a coragem de dar o passo atrás. Será que vai dar 2 à frente nas próximas? a coligação com o Dali é um cenário provavel. Estaremos cá para ver, até à proxima.
-E foram estes os comentarios. Assim me despeço, até já!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Primeira e última, única

Tive a minha primeira e (provavelmente) última visita, há de ficar guardado como único este fim-de-semana. A Luisinha veio a Estugarda: fugir das capitais europeias e mergulhar nas distritais foi a opção!
Com os pés na Alemanha, ainda com malas e saco-cama em mão, partimos, sem demoras, por uma volta pela cidade. Conhecer os castelos, a rua principal, a ópera, e o cubo, para não falar dos jardins, dos lagos, das igrejas. O frio aliado à humidade entrava pelos ossos como agulhas e visivelmente exaustos viemos para a base. Esperava-nos uma festa de anos de dois locals Erasmus e aproveitamos o "ter q comprar uma garrafa de vinho para oferecer" para ir às compras e encher o stock com previsões.Este é o único registo da noite. Não é preciso mais, pois não? Desta feita, na 6ª feira mudamos os destinos: torre da TV, voltas por outras bandas da cidade e museu da Mercedes.Jantámos em casa, descansados, acompanhados de um bom queijo e de uma ainda melhor conversa. Era preciso recarregar baterias dos 2 dias estafantes para o seguinte, que não se afigurava mais meigo.
Sábado, já com o André a participar, visitamos outros marcos obrigatórios. Bairro Branco, Weissenhof: o urbanismo ficou a cargo do Mies que depois se encarregou de convidar os amigos arquitectos (Corbusier, Gropius, p.ex.) para desenharem os edificios em si. Sem palavras.Quando a fome nos obrigava a seguir, seguimos. Seguimos para uma prova de cervejas e por fim encontramos um restaurante português para culminar a noite. Arroz de grelos e febras acompanhados de um vinho da casa (não sei o que isso significa aqui mas o nome é-nos querido). Maravilha: D.Carlos aprovado.
A Luisa foi-se embora hoje a meio do dia e já deixou saudades. Isto foi um ultra-congelado e concentrado destes dias e resta agradecer as boas conversas, as boas discussões, os bons silêncios.

PS: a laranja do espaço continua viva

t j

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Um navio navega tranquilamente. Está na direcção certa, como habitual. Cai o nevoeiro. O capitão não vê para alem da primeira légua e mesmo isso em dificuldade. O que faz? Mantém a rota pois sabe que por ali chegará a bom porto. Crise? Mantenho a minha rota, sabendo que um dia dela sairei.
Eu já caí. Crises de fé porque tudo o que serve de pilar me foi destruído, porque raivosamente me senti injustiçado (e cheio de razão) ou porque me senti impotente, sem esperança. Não faltam razões para entrar em crise. Não falta desmotivação, quando numa, para não querer sair: a desolação é evidente, a apatia ganha terreno, acabamos indiferentes, vazios. Cruzar os braços?
A imagem que tenho é a de uma aranha, que constrói a sua teia para poder viver. Sustenta-se a partir dela, existe nela. Destroem-lhe a teia e ela desiste de viver? Não. Se for preciso produziria teias até ao fim dos dias, mesmo sabendo que desapareceriam. A aranha sabe qual o seu caminho, sabe do que precisa para se manter saudável e não hesita, mesmo quando tudo diz contrário. Por outro lado, quem faz a teia é a própria aranha. É ela que, com as suas capacidades mágicas produz aquele material que, numa escala, é o material mais resistente que se conhece e, noutra escala, é tão frágil..
A minha fé é como uma teia. É o que me faz "viver", é frágil (susceptível a uma rajada de vento) e infinitamente forte, é trabalhada por mim (mesmo sabendo que, eventualmente, vai ser destruída) e eu sou a aranha, teimosa no seu caminho, pois está/estou certo!

Ninguem disse que é fácil ou justo.
para quem de direito.
até já Alvim.

Prato do Dia

Não tentei fazer dieta, não passei fome, não sou um nabo na cozinha. Tento só comer equilibradamente e para os cépticos quanto aos meus dotes culinários aqui fica a ementa do almoço:

Prato: Brocoli et Champignon à Chef Alvini aver le Perú. Salada de Frutos da Época.
Ingredientes: brócolos, cogumelos, salsa, natas, leite, queijo, perú, alho, sal, azeite, kiwi, maçã, passas.
Modo de preparação: Lavar os brócolos e os cogumelos em água morna. Cortar em "arvorezinha" os verdes, ao meio os brancos. Picar a Salsa. Por os primeiros a cozer (em água pré-aquecida e com sal) mas sem deixar de mais (convem q fiquem pouco cozidos). Cortar os bifes de perú bem fininhos. Abusar do alho e restringir o sal. Numa frigideira com pouco azeite saltear os cogumelos cortados ao meio com a pouca salsa picada e de seguida adicionar os bifes. Numa tijela à parte juntar natas qb (tb funciona c natas de soja), leite (preferencialemnte meio gordo) e queijo a gosto.
Quando os brócolos estiverem au point, juntar aos cogumelos num prato. Deitar por cima o preparado "branco" e pulvilhar com mais queijo, se apreciado. Vai ao forno o tempo suficiente para o queijo derreter bem e para dar um quente ao prato. Os bifes devem ficar bem passados e com um leve dourado visível.
Juntar tudo e disfrutar com Vinho de arestas fortes.
Para culminar, uma salada de frutos frescos e secos da época: Kiwi, maçã e passas.

até à proxima receita, o Cheff

domingo, 11 de janeiro de 2009

Domingo

Domingo é o dia da Família por excelência.
Vou à missa ter com o meu Pai, tenho o almoço de Família lá em casa, dou um passeio pelo familiar paredão a apanhar sol, junto-me à família benfiquista para sofrer um pouco e, se sobrar tempo, ainda me familiarizo com os livros ou com o lápis e papel. A minha rotina deste dia não dista muito do descrito.
Mudemos então o contexto.
Vou à missa sábado ao fim da tarde porque não percebo uma palavra da celebração do dia seguinte, não tenho família com que almoçar, estão graus negativos e tudo fica sob perspectiva, não consigo ver a bola convenientemente e só sobra tempo para estudar. Ora isso não é um grande incentivo por estas bandas por isso o dia de domingo é passado a ler coisas interessantes, a arrumar, a limpar, a cozinhar, a escrever, a explorar.

Podia ser um dia melancólico (facto é que hoje nem saí de casa, não acontece nada) mas nem é...

até já

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Estranha forma de vida

dia 21 cheguei a Lisboa. Já no avião sentia uma estranha forma de pertença: a cidade vista do ar, o sol quente de inverno, a língua falada pelos outros emigrantes. Aquecia-me o corpo, despertava-me os sentidos adormecidos, anestesiados. Aterrado, começaram os encontros: irmãos, pais, o caos da 2ª circular, os imponentes "Condes de Barcelona", o mal abrinte portão, a sombreante palmeira, a pesada porta, o derradeiro quadro da entrada. Confuso mas simpaticamente em casa, fui assentando os pés no chão.
No dia seguinte, a ânsia de me encher do que me faltava era maior que eu. Apanhei o mesmo comboio de sempre para Lisboa. Desfrutar do mar, do farol ao longe, da velhinha ponte sobre o querido Tejo. Cafés aromáticos pela Baixa, reencontrar o meu velho amigo D. Carlos, o polido Fernando Pessoa, o forte Posnard, o real D. Pedro IV e sua D. Maria II. Jantar no Bairro Alto, matar saudades das fieis cortesãs SuperBock e Febras, mas nunca sem antes pedir a devida permissão ao sábio Carmo. Para sobremesa explorámos Alfama. Cumprimentei Apolónia, a Santa, e disse olá, Deus que os guarde, ao Garrett, ao Junqueiro ou à Amália. Acabei a noite em beijos e confissões à pequena casa, num abraço apertado, numa entrega ao Fado.

Depois de todos os vários reencontros familiares (no lato sentido), começava o frenesim natalicio. Celebrações com jantares, festas, ceias. Contar todas as aventuras vezes sem conta. Quase já saiam como lenga-lenga mas cada vez que perguntavam, evidenciavam interesse e consequentemente isso confortava-me. Não se passaram só três meses iguais a mais, vi que para outras pessoas estes três meses correram, mesmo, sem mim, com a devida falta.
Como escrevi no ultimo post, tinha algum receio de ter a imagem errada de alguma realidade e de ser apanhado desprevenido no reencontro. Aconteceu mas estranhamente quase só encontrei evoluções boas (alguns cabelos brancos a mais ou alguma falta dos mesmos). Estranhamente, uma das imagens erradas que tinha era a minha. Sou o terceiro a fazer erasmus e assisti às consequencias do mesmo nos outros dois. Noção de independência bastante apurada, para o bom e para o mal. Esquecer que se vive em comunidade é um risco presente e, como óbvio, não fugi à regra e esqueci-me. Tomar decisões por mim sem dar a conhecer (não por mal mas por despreendimento) foi algo vulgar. Por vezes é desagradável mas tambem não escondo que foi saboroso perceber que já confiam em mim como não confiavam. Passou pouco tempo desde que vim para Estugarda (e agora falta ainda menos para voltar definitivamente) mas, para ser franco, acho que a minha imagem já foi alterada.

De volta ao jogo, foi curioso chegar ao mesmo aeroporto que da última vez e já conhecer os cantos à casa. Que comboio apanhar e onde trocar, onde pisar para nao escorregar no gelo e mais ainda. Custou-me um pouco vir pois, sinceramente, acho que ja aprendi tudo o que tinha a aprender nesta aventura Erasmus e a faculdade não entusiasma nem um pouco. Não vim contrariado mas a motivação não foi a mesma. Não conto os dias até ao fim mas percebo que já passou mais de metade e a noção de que isto é uma experiência que fica gravada entusiasma-me.

Ainda a saga ombro: Fui a O fisioterapeuta e chegou a uma conclusão: Estraguei a articulação entre a omoplata e a clavícula. O alto que sinto é este último osso fora do sitio e não há nada a fazer, apenas melhorar a postura pois... se a clavicula nao vai até a omoplata, entao a omoplata vai até à clavícula. Agora ando parece que engoli um garfo. maravilha

longinquo até já